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Consciência Negra: coordenador geral do Sindicato participa de Marcha e fala sobre realidade dos negros no Brasil

Consciência Negra: coordenador geral do Sindicato participa de Marcha e fala sobre realidade dos negros no Brasil

Data: 20 de novembro de 2015

Confira na matéria entrevista com Antelmo da Silva Junior sobre a realidade da população negra brasileira

O coordenador-geral do Sinasefe Seção Ifes Antelmo da Silva Júnior participou na manhã desta sexta-feira, 20, da Marcha Estadual Contra o Extermínio da Juventude Negra, no Centro de Vitória, promovida pelo Fórum Estadual de Juventude Negra do Espírito Santo (Fejunes). Durante o ato, Antelmo discursou acerca da realidade da população negra brasileira.

A concentração aconteceu na frente da Casa Porto das Artes Plásticas (antiga Capitania dos Portos) e os manifestantes fizeram uma passeata pela avenida Jerônimo Monteiro até o Palácio Anchieta.

Durante o ato os participantes levaram faixas, cartazes e cruzes denunciando as mortes de jovens negros, uma vez que o Espírito Santo é o segundo estado do país onde essas pessoas mais são vítimas de assassinato de acordo com o mapa da violência.

Confira entrevista que o coordenador-geral do Sinasefe Seção Ifes Antelmo da Silva Junior concedeu à Comunicação do Sindicato:

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O que significa marchar no Dia da Consciência Negra?

A marcha realizada no dia da Consciência Negra e que neste ano tem como tema principal a luta contra a redução da maioridade penal é um reflexo de que esta data tem se tornado, sim, um dia de reflexão e de tomada de consciência.

Veja a situação em que vivem os negros e as negras no Brasil. Eles são maioria nos presídios e em subempregos e minoria nos bancos das universidades e posições de destaque na sociedade. Isso demonstra que a democracia racial brasileira é uma farsa. Embora afirmem alguns setores da elite brasileira que no Brasil não existe racismo, ee é real e, na nossa sociedade ele é pior, porque é velado, dissimulado.

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O racismo tem mostrado sua face mais abertamente?

As ações afirmativas voltadas para os negros e as negras do Brasil (cotas em concursos e universidades, em programas de TV, atenção à saúde) trouxeram à tona o verdadeiro perfil do racista brasileiro. As redes sociais têm nos mostrado isso. Temas como a redução da maioridade penal atestam o quanto o debate sobre racismo é importante no Brasil, assim como a punição do mesmo.

É importante destacar que este debate não pode ficar isolado do debate sobre consciência de classe, porque os negros ricos e as negras ricas, como o Pelé e o Neymar, apesar de ele ter sofrido alguns episódios de racismo, não sofrem o mesmo que negros pobres da periferia. O exemplo mais claro é o perfil do presidiário/a brasileiro/a. Ele/a é negro/a, pobre, estudou pouco ou quase nada e mora na periferia. Repete-se essa descrição para o perfil do subempregado/a brasileiro/a.

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Você tocou no ponto da redução da maioridade penal. O que essa mudança na Lei representaria para a população negra desse país?

Quem serão os meninos e meninas presos após a aprovação da redução? Serão os filhos da nossa classe privilegiada quando assediarem violentamente mulheres em baladas disputadíssimas? Serão os filhos de desembargadores e juízes dirigindo sem habilitação as potentes máquinas à sua disposição? Tenho certeza que não. Serão os mesmo de sempre. Os que já lotam as unidades de internação, que são, em sua maioria, verdadeiros presídios, verdadeiras câmaras de tortura, onde ser recuperado é a possibilidade mais distante. E mesmo assim, alguns insistem em afirmar que não existe punição para menores no Brasil.

Serão os jovens negros, líderes disparados nas estatísticas de morte por arma de fogo, serão as jovens negras, maioria absoluta nas unidades de internação de menores femininas.

Por esses e outros aspectos é que devemos tomar posição, reagir, cobrar do poder público que promova ações de reparação a esse povo que foi sequestrado de sua terra para produzir as riquezas desse país e que segue sendo explorado nos empregos de piores salários e nas piores condições de trabalho.

É por isso que convoco as trabalhadoras e os trabalhadores a se unirem contra a indiferença covarde do estado brasileiro! Por uma Consciência Negra e por uma Consciência de Classe!

Antelmo da Silva Junior é coordenador geral da Seção Sinasefe Ifes, professor do Ifes, militante do Coletivo Negrada e Membro do Fórum de Luta contra a Redução da Maioridade Penal.

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