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Diretora da Seção Ifsc alerta que Brasil pode virar nova Grécia e sofrer com redução do salário nominal

Diretora da Seção Ifsc alerta que Brasil pode virar nova Grécia e sofrer com redução do salário nominal

Data: 9 de junho de 2016

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Em entrevista, Elenira Oliveira Vilela, palestrante trazida pela Seção Ifes ao Pré-ENE, fala dos ataques que os trabalhadores sofrerão do Governo Temer

A diretora da Seção Ifsc Elenira Oliveira Vilela participou nesta quarta-feira, 8 de junho, da segunda etapa do encontro preparatório para o II Encontro Nacional de Educação (ENE), o Pré-ENE, na Adufes, no campus de Goiabeiras da Ufes. Ela foi trazida pela Seção Ifes e falou sobre Gestão aos participantes do evento.

Saiba mais sobre o evento.

Elenira concedeu entrevista à Ascom da Seção Ifes e falou sobre o cenário sombrio que o país está enfrentando. Além de diretora do Sinasefe Seção Ifsc, ela é professora de matemática do Instituto Federal de Santa Catarina (Ifsc), mestre em Educação, e doutoranda em Engenharia Mecânica. Confira a entrevista.

Ascom Seção Ifes – Você falou sobre a mudança da luta nesse momento de retrocesso que vivemos no Brasil, lembrando que agora tiramos um pouco o foco da busca por mais avanços e brigamos para não perdermos o pouco que conquistamos a partir da Constituição de 1988. Como isso atinge o trabalhador e, em especial, os servidores dos institutos federais?

Elenira Oliveira Vilela – Podemos ter demissões e o fim das aposentadorias. Os institutos podem passar a cobrar mensalidade e nós podemos passar a trabalhar como terceirizados. A Proposta de Emeda à Constituição (PEC) 395 torna isso possível. A Medida Provisória (MP) 727 abre caminho para privatizações. No primeiro momento fala-se apenas da Petrobrás e do Banco do Brasil, mas o texto não restringe a essas empresas. O PL 4330, que libera a terceirização para atividades fim, ou seja, para qualquer cargo dentro de uma empresa, abre precedente para o serviço público. A reforma da previdência também vai nos atingir.

Houve uma ruptura com o afastamento da presidenta Dilma e estamos com a normalidade das instituições e legalidade suspensas. Isso abre precedentes? O que pensávamos estar garantido já não está mais?

Isso pode chegar em qualquer lugar. Quando se abre uma exceção, mesmo que dentro de um sistema já precário, corre-se o risco de passar sempre por cima da regra quando for do interesse do poder econômico. Por exemplo, a MP 727 cria a figura da “prioridade nacional”. Uma comissão terá o poder de analisar uma proposta de privatização e passar por cima de todos os institutos jurídicos caso considere que há a tal “prioridade nacional”. Com a nova configuração política, após a entrada de Temer, o ambiente tornou-se muito favorável à aprovação dessas medidas na Câmara Federal, incluindo o PL 257/2016, que retira direitos dos servidores públicos.

Não podemos mais confiar no Judiciário para impedir movimentos que burlam a regra constitucional, republicana e democrática?

O Judiciário está nesse processo. Se o Estado é burguês, o Judiciário é particularmente burguês, composto por homens brancos, de classe alta, muitos ligados à Maçonaria, vindos de famílias de empresários. Isso também ocorre no Ministério Público. As políticas de cotas e inclusão não foram suficientes para dar uma nova cara para esse poder. O projeto de captura do Estado Brasileiro é conjunto.

E o que é possível fazer para barrar esse movimento?

Temos que nos organizar nas ruas com todo mundo que der, deixar para discutirmos as divergências políticas depois, e impedir que o Brasil vire a Grécia, o que vai acontecer em um ano se não fizermos nada. Teremos redução de nosso salário nominal. Precisamos impedir o retrocesso para depois definirmos qual a melhor maneira de avançarmos.

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