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Atividades presenciais podem colocar a vida dos/as servidores/as, terceirizados/as e alunos/as em risco

Atividades presenciais podem colocar a vida dos/as servidores/as, terceirizados/as e alunos/as em risco

Data: 21 de outubro de 2020

Campus do Ifes de Cachoeiro de Itapemirim decidiu retornar às atividades presenciais para os alunos finalistas de dois cursos

O retorno das atividades presenciais no Ifes acendeu um sinal de alerta em toda a comunidade acadêmica. No dia 13 de outubro, as aulas no campus de Cachoeiro de Itapemirim retornaram para os alunos finalistas dos cursos de Eletromecânica (Integrado e Concomitante) e Mineração (Concomitante). 

A direção do campus garantiu que esse retorno obedecerá aos protocolos de biossegurança. No entanto, algumas perguntas são importantes: como será a fiscalização de tais protocolos? E como ficam os/as servidores/as e estudantes que estão com receio, medo, de retornar às atividades presenciais por conta da pandemia de Covid-19?

O Brasil não tem um protocolo de segurança nacional para combater a Covid-19. Para os institutos federais, o Ministério da Educação lançou uma cartilha de biossegurança e retorno das atividades presenciais, em julho. Cada Estado segue um protocolo específico, e apesar do índice de mortes estar em queda, o país é o terceiro com o maior número de mortes por 100 mil habitantes, considerado os dados dos países da União Europeia, do Brasil e do Reino Unido, conforme levantamento do Centro Europeu de Controle e Prevenção de Doenças (ECDC). No Brasil, mais de 5 milhões de pessoas testaram positivo para Covid-19, e quase 155 mil perderam a vida, conforme dados do Ministério da Saúde (dados de 19 de outubro).  

No Espírito Santo, o governo Casagrande suspendeu as aulas da Rede Estadual no dia 17 de março, e o Comitê de crise do Ifes tomou a mesma decisão, suspendendo as aulas no Instituto a partir do dia 18 de março. Desde então, as atividades de ensino, pesquisa e extensão têm sido realizadas de forma remota, como uma forma de proteger a comunidade acadêmica da Covid-19.  

No Ifes, as aulas presenciais foram retomadas no dia 13 de outubro, e a decisão partiu da direção do campus de Cachoeiro de Itapemirim, que decidiu autorizar o retorno das aulas presenciais para os alunos finalistas dos cursos de Eletromecânica (Integrado e Concomitante) e Mineração (Concomitante).

A medida foi baseada na Resolução 44/2020, que suspendeu as atividades letivas presenciais na instituição até 31 de dezembro de 2020, e também traz o seguinte parágrafo: “As turmas finalistas terão prioridade, para o encerramento dos componentes curriculares que exigem práticas que não puderam ser adaptadas em atividades pedagógicas não presenciais, desde que garantido o protocolo de biossegurança e os aspectos legais”. 

O parágrafo diz que “as turmas finalistas terão prioridade”, mas não diz que devem ou não retornarem, e ainda: “desde que garantido o protocolo de biossegurança e os aspectos legais”.

O Ifes elaborou o protocolo de segurança que traz como medidas o distanciamento mínimo de um metro, uso de máscara, higienização das mãos, entre outros. E a direção do Sinasefe Ifes questionou esses protocolos: quem vai fiscalizar a aplicação dessas regras? O Ifes vai fornecer máscaras para os estudantes e para os servidores? Vai ser feita a limpeza dos campus seguindo os protocolos à risca? A direção ainda pontuou que, apesar de seguir os protocolos, não significa que não vai pegar Covid-19, e que a vida dos servidores e alunos está em risco. 

Em julho, a Fiocruz divulgou uma nota em que alertava para os riscos de retorno às aulas. “Conforme avançam as medidas de retomada do cotidiano das atividades econômicas começa-se a discutir a volta às aulas para crianças na idade escolar. Esse é um passo extremamente delicado no relaxamento do isolamento social, principalmente, quando se considera que não são apenas os alunos que serão expostos ao vírus, mas todo um segmento social como transporte, professores, funcionários, cuidadores, entre outros”, destaca o documento.

Conforme a Fiocruz, cerca de 4 milhões (1,8% da população do país) de adultos com idade entre 18 e 59 anos com diabetes, doença do coração ou doença do pulmão, residem em domicílio com pelo menos uma pessoa com idade entre 3 e 17 anos (idade escolar). Essas doenças são fatores de agravamento caso seja infectado com o novo coronavírus. 

A direção do Sinasefe Ifes ressaltou que a situação é preocupante, já que não é possível garantir 100% a segurança dos alunos e servidores/as da instituição, e que a recomendação é evitar o retorno às aulas e que nesse momento o mais importante é preservar a vida. Pontuou ainda que os/as servidores/as devem participar das discussões de volta às aulas e que o sindicato está do lado da vida e da categoria. 

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