Notícias

Série Mulheres que Lutaram: conheça a história de Simone de Beauvoir

Série Mulheres que Lutaram: conheça a história de Simone de Beauvoir

Data: 2 de março de 2016

Simone de Beauvier - thierry ehrmann CC BY

O texto abaixo é um compilado de dois textos de autoria de Bia Cardoso, do blog Blogueiras Feministas sob licença Creative Commons (CC). A edição foi realizada pela Ascom do Sinasefe Seção Ifes. Os textos originais podem ser conferidos nos dois links a seguir: Simone de Beauvoir (http://bit.ly/1QmGM1s) e Simone de Beauvoir: o que é ser mulher? (http://bit.ly/1gGfIrL)

No dia 8 de março é lembrado o Dia Internacional da Mulher e o Sinasefe Seção Ifes publicará nos próximos dias textos com um pouco da história de mulheres importantes dentro da história do feminismo e a série começa com Simone de Beauvoir. Confira!

É dela uma das principais frases do movimento feminista: “Não se nasce mulher, torna-se mulher.” A mulher não tem um destino biológico, ela é formada dentro de uma cultura que define qual o seu papel no seio da sociedade. As mulheres, durante muito tempo, ficaram aprisionadas ao papel de mãe e esposa, sendo a outra opção o convento. Simone de Beauvoir rompe com esse destino feminino e faz de sua vida algo completamente diferente do esperado para uma mulher.

Leia as outras matérias da série sobre feminismo

Nísia Floresta: a primeira feminista brasileira

A sra. Pankhurst e a conquista do voto feminino

Mulheres na luta contra retrocessos e por mais direitos

Nascida em uma família da alta burguesia francesa, Simone era a mais velha de duas filhas. Durante sua infância a família faliu e, por considerar que as filhas não conseguiriam bons casamentos, pois não havia dinheiro para um bom dote, George de Beauvoir se convenceu de que somente o sucesso acadêmico poderia tirar as filhas da pobreza. De fato, Simone de Beauvoir teve mais poder de escolha que muitas mulheres de sua época. A educação e o desenvolvimento acadêmico são até hoje maneiras de forjar mulheres mais independentes, que rompem com os padrões de sua época. Ela faz uma crítica aos valores burgueses nos quais foi criada no livro “Memórias de uma moça bem comportada”.

Simone de Beauvoir tinha 41 anos quando publicou “O Segundo Sexo”, em 1949. Já naquela época a obra levantou inúmeras polêmicas. Uma das principais acusações é que Simone ridicularizava os homens. Isso é uma acusação que muitos usam contra o feminismo. Porém, as pessoas parecem não querer compreender o que realmente se passa na vida das mulheres e como todo o poder está concentrado nas mãos dos homens. “O Segundo Sexo” não é uma fonte historiográfica para conhecer a história da mulher desde a antiguidade. É uma obra de inspiração, fundamental para descortinar a maneira pela qual as mulheres são criadas justamente para serem menos que os homens. Você pode baixar “O Segundo Sexo” em .pdf no blog Livros Feministas.

O Segundo Sexo

Nenhuma obra, literária ou acadêmica, de Simone de Beauvoir foi recebida com indiferença. Sua principal contribuição é sempre propor a discussão democrática e as rupturas das estruturas psíquicas, sociais e políticas. Por ser escrito por uma mulher e para mulheres, “O Segundo Sexo” levanta diversas questões, até mesmo no meio literário. Há muito tempo a literatura classificada como feminina é sinônimo de textos sem grande aprofundamento teórico. Além disso, não era comum tratar de assuntos como sexualidade, maternidade e identidades sexuais, mesmo na França do pós-guerra.

O feminismo de Simone sempre esteve intrinsecamente ligado com a defesa da liberdade plena. Em “Por uma moral da ambiguidade” ela diz que “é preciso ainda recordar que o fim supremo a que o homem deve visar é sua liberdade, única coisa capaz de fundar o valor de todo fim; o conforto, a felicidade, todos os bens relativos definidos pelos projetos humanos serão, pois, subordinados a essa condição absoluta de realização. A liberdade de um único homem deve contar mais que uma colheita de algodão ou de borracha: embora esse princípio não seja, de fato, respeitado, ele costuma ser teoricamente reconhecido”, escreveu em um trecho do livro, na página 93.

Foto: Thierry Ehrmann (Creative Commons – CC BY – Flickr)

Pular para o conteúdo